Um ateu apóia o ato religioso - Oscar Niemeyer - Cultura Brasil

Um ateu apóia o ato religioso - Oscar Niemeyer

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Il mio omaggio al grande Niemeyer: Oscar - nonostante fosse ateo - lesse questo testo durante una funzione religiosa celebrata nel Sambodromo. La manifestazione si chiamava O Rio reza pela paz e si tenne nel 2007. In quell'occasione si festeggiavano anche i 116 anni del Jornal do Brasil


Un ateo appoggia l'atto religioso

Quella notte mi destai di colpo. Qualcosa mi svegliò da quel sonno tranquillo che una domenica - come qualsiasi altra - mi offriva.
Ero alla finestra, e lo spettacolo che avevo dinanzi a me, era tanto sorprendente da fissarmi, interessato.
Invece della Avenida Atlantica dove vivevo, del percorso che ci separava dal mare, apparve un grande giardino che si integrava armoniosamente.
Preoccupato per questa metamorfosi inaspettata, uscii correndo per le scale che mi avrebbero portato a piano terra. Quella strada non esisteva più e il mare che su di essa si era infranto per tanti anni, era più lontano, lontano dal complesso di appartamenti dove io risiedevo a più di 100 m. E fu quasi istintivamente che mi avvicinai, sorpreso per la natura esuberante che mi accerchiava.
A volte, era un gruppo di alberi o palme da cocco maestosi a creare grandi macchie d'ombra; altre volte, il suolo era coperto di erba dove le piante più piccole, le più belle, risaltavano. E il silenzio tanto raro mi faceva immaginare i canti più vari dei passeri che vivevano lì.
Curioso, guardavo la città lontana: nessuna strada, la natura rispettata nella sua bellezza straordinaria. Appena sei o sette blocchi enormi di abitazioni, e i vialetti indispensabili a tagliare la vegetazione esistente. Di ritorno all'appartamento, mi curvai alla finestra, ricordando quello strano sogno di architetto. E' chiaro che una strada con traffico rapido che separa la città dal mare avrebbe potuto essere evitata, che i volumi e gli spazi liberi adottati dovevano corrispondere all'equilibrio desiderato. Ma è necessario considerare che la trasformazione di Rio in una metropoli capitalista non è recente e, ai suoi inizi, era praticamente impossibile costruire nelle spalle delle favelas i grandi blocchi residenziali ai quali mi riferisco, infine che altre erano le possibilità tecniche esistenti. E, a prescindere da tutto, Rio de Janeiro è una delle più belle città del mondo.
E' evidente che la vita è cambiata, la povertà è cresciuta, la violenza è nelle strade e il popolo carioca, allarmato, chiede una soluzione. Quelli che credono in Dio cominciano a ritenere che la soluzione dipenda da un intervento divino, a noi non spetta criticare ciò; ci sono milioni di Brasiliani che seguono questo pensiero. Altri assistono, ribelli, a ciò che accade, confidenti come me nel cambio di Governo, che cerchi una soluzione appropriata.

A mio avviso, il problema è politico - il popolo a soffrire questa ineguaglianza sociale che il regime capitalista moltiplica per tutte le parti.
E' Fondamentale riconoscere che la vita è ingiusta e solo per mano, come fratelli, possiamo viverla meglio.

Oscar Niemeyer


Um ateu apóia o ato religioso

Naquela noite acordei sobressaltado. Qualquer coisa me despertara daquele sono tranqüilo que um domingo – como qualquer outro – me oferecia.
Fui à janela, e o espetáculo que tinha diante de mim, era tão surpreendente que nele me fixei, interessado. Em vez da Avenida Atlântica onde morava, do passeio que nos separava do mar, um grande jardim aparecia, a ele se integrando harmoniosamente.
Preocupado com essa metamorfose inesperada, desci a correr as escadas que me levariam ao andar térreo. Aquela Avenida não mais existia, e o mar, que nela batia por tantos anos, estava mais longe, afastado do prédio de apartamentos onde eu residia mais de 100 metros. E foi quase instintivamente que dele me aproximei, surpreso com a natureza exuberante que me cercava. Às vezes, era um grupo de árvores ou coqueiros majestosos a criarem grandes manchas de sombra; outras vezes, o chão coberto de grama onde as plantas menores, as mais belas, se destacavam. E o silêncio tão raro fazia-me imaginar os cantos mais variados dos pássaros que por ali deveriam viver.

Curioso, olhava a cidade distante: nenhuma rua, a natureza respeitada em sua beleza extraordinária. Apenas seis ou sete blocos enormes de habitação, e as passarelas indispensáveis a cortarem a vegetação existente.

De volta ao apartamento, debrucei-me à janela, lembrando aquele estranho sonho de arquiteto. É claro que uma avenida de tráfego rápido separando a cidade do mar poderia ter sido evitada, que os volumes e os espaços livres adotados deveriam corresponder ao equilíbrio desejado. Mas é preciso considerar que a transformação do Rio numa metrópole capitalista não é recente e, nos seus inícios, era praticamente impossível construir nas encostas dos morros os grandes blocos residenciais a que me referi, enfim, que outras eram as possibilidades técnicas existentes. E, apesar de tudo, o Rio de Janeiro é uma das mais belas cidades do mundo.

É evidente que a vida mudou, a pobreza cresceu, a violência está nas ruas e o povo carioca, alarmado, pede uma solução. Os que acreditam em Deus começam a considerar que a solução depende de uma intervenção divina, o que não nos cabe criticar; são milhões de brasileiros que seguem tal pensamento. Outros assistem, revoltados, ao que ocorre, confiantes como eu na atuação do Governo, que procura uma solução apropriada.

A meu ver, o problema é político – o povo a sofrer esta desigualdade social que o regime capitalista multiplica por toda a parte. O fundamental é reconhecer que a vida é injusta e só de mãos dadas, como irmãos, podemos vivê-la melhor.

Oscar Niemeyer

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