Receita de Ano Novo – Carlos Drummond de Andrade - Cultura Brasil

Receita de Ano Novo – Carlos Drummond de Andrade

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Carlos Drummond de Andrade 

31 ottobre 1902, Itabira, Mina Gerais 
17 agosto 1987, Rio de Janeiro 


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Receita de ano novo 
             
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua
paz, 
Ano Novo sem comparação com
todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem
sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-
a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos
percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão
perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se
trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra
birita, 
não precisa expedir nem receber
mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 
            
Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumidas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas
mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 
        
Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que
não é fácil, 
mas tente, experimente,
consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.


Ricetta di un Anno Nuovo

  

Per aver un bellissimo Nuovo Anno

color arcobaleno, o color della tua pace,

Anno Nuovo senza paragone con tutto il

tempo già vissuto

(vissuto male forse o senza senso)

per avere un anno

non appena tinteggiato di nuovo,

rammendato di corsa,

ma nuovo nei semini del ciò-che-sarà;

nuovo

sino al cuore delle cose meno percepite

(a cominciare dal tuo intimo)

nuovo, spontaneo, che talmente perfetto, nemmeno si noterebbe,

ma con lui si mangerebbe, si

passeggerebbe,

si amerebbe, si comprenderebbe, si

lavorerebbe,

non hai bisogno di bere champagne o

qualunque altra bibita,

non hai bisogno di spedire nè di ricevere

messaggi

(la pianta riceve messaggi?

Invia telegrammi?)

    

Non hai bisogno

di fare una li sta di buone intenzioni

per archiviarle nel cassetto.

Non hai bisogno di piangere pentito

delle fesserie fatte

nè stupidamente credere

che per decreto della speranza

a partire da gennaio le cose cambino

e sia tutto chiarezza, ricompensa,

giustizia tra gli uomini e le nazioni,

libertà con profumo e sapore di pane

mattutino,

diritti rispettati, a cominciare

dal sacro diritto di vivere.

      

Per avere un Anno Nuovo

che meriti tale nome,

tu, caro mio, devi meritartelo,

devi renderlo nuovo, io so che non è

facile,

ma tenta, prova, con coscienza.

E’ dentro di te che l’Anno Nuovo

riposa e aspetta da sempre.

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 CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

*traduzione non ufficiale

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