Minha Cidade - Cora Coralina - Cultura Brasil

Minha Cidade - Cora Coralina

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Cora Coralina  

20 agosto 1889, Goiás 
10 aprile 1985, Goiás 


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Minha cidade  
    
Goiás, minha cidade...  
Eu sou aquela amorosa  
de tuas ruas estreitas,  
curtas,  
indecisas,  
entrando,  
saindo  
umas das outras.  
Eu sou aquela menina feia  
da ponte da Lapa.  
Eu sou Aninha. 
  
Eu sou aquela mulher  
que ficou velha,  
esquecida,  
nos teus larguinhos
e nos teus becos tristes,  
contando estórias,  
fazendo adivinhação.  
Cantando teu passado.  
Cantando teu futuro. 
   
Eu vivo nas tuas igrejas  
e sobrados  
e telhados  
e paredes. 
  
Eu sou aquele teu velho muro  
verde de avencas  
onde se debruça  
um antigo jasmineiro,  
c
heiroso  
na ruinha pobre e suja. 
            
Eu sou estas casas  
encostadas  
cochichando
umas com as outras.  
Eu sou a ramada  
dessas árvores,  
sem nome e sem valia,  
sem flores e sem frutos,  
de que gostam  
a gente cansada e os pássaros vadios. 
            
Eu sou o caule  
dessas trepadeiras sem classe,  
nascidas na frincha das pedras:  
Bravias.  
Renitentes.  
Indomáveis.  
Cortadas.  
Maltratadas.  
Pisadas.  
E renascendo. 
   
Eu sou a dureza desses morros, 
revestidos,  
enflorados,  
lascados a machado,  
lanhados, lacerados.  
Queimados pelo fogo.  
Pastados.  
Calcinados  
e renascidos.  
Minha vida,  
meus sentidos,  
minha estética,  
todas as vibrações  
de minha sensibilidade de mulher,  
têm, aqui, suas raízes 
  
Eu sou a menina feia  
da ponte da Lapa.  
Eu sou Aninha.

La Mia Città

  

Goias, la mia città...

Sono quella amorevole

delle tue strade strette,

corte,

indecise,

entrando,

uscendo

una dall'altra.

Sono quella ragazzina brutta

del ponte della Lapa

Io sono Aninha.

     

Sono quella donna

che è diventata vecchia,

dimenticata,

tra i tuoi larghi
e i tuoi vecchi vicoli,

raccontando storie,

facendo l'indovina,

Cantando il tuo passato.

Cantando il tuo futuro.

     

Vivo nelle tue chiese

e palazzi

e tetti

e pareti.

  

Sono quel tuo vecchio muro

verde per la capelvenere

da dove si affaccia

un antico gelsomino,

profumato

sulla stradina povera e sporca.

   

Sono queste case

accostate

che parlando a bassa voce
le une con le altre.

Sono la chioma

di questi alberi,

senza nome e senza valore,

senza fiori e senza frutti,

graditi

alle persone stanche e agli uccelli
erranti.

    

Sono il fusto

di queste piante rampicanti senza
classe,

nate tra le crepe delle pietre:

Selvagge.

Ostinate.

Indomabili.

Tagliate.

Maltrattate.

Calpestate.

E nascenti di nuovo.

   

Sono la durezza di queste colline,

rivestite,

fiorite,

scheggiate ad ascia,

colpite, lacerate.

Bruciate dal fuoco.

Pascolate.

Secche

e rinate.

La mia vita.

i miei sentimenti,

la mia estetica,

tutte le vibrazioni

della mia sensibilità di donna,

hanno, qui, le loro radici.

    

Sono la ragazzina brutta

del ponte di Lapa

Io sono Aninha

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 CORA CORALINA

*traduzione non ufficiale

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