Sono das Águas – Joao Guimaraes Rosa - Cultura Brasil

Sono das Águas – Joao Guimaraes Rosa

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Joao Guimaraes Rosa 

27 de junho de 1908, Cordisburgo, Minas Gerais 
19 de novembro de 1967, Rio de Janeiro 

Il libri possono essere acquistati su 
Amazon, LaFeltrinelli.it e IBS 
 

Sono das Águas

Há uma hora certa,

no meio de noite, uma hora morta,

em que a água dorme. Todas as águas dormem:

no rio, na lagoa,

no açude, no brejão, nos olhos d’água,

nos grotões fundos.

E quem ficar acordado,

na barranca, a noite inteira,

há de ouvir a cachoeira

parar a queda e o choro,

que a água foi dormir…

 

 Águas claras, barrentas, sonolentas,

todas vão cochilar.

Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,

fios brancos, torrentes.

O orvalho sonha

nas placas de folhagem.

E adormece

até a água fervida,

nos copos de cabeceira dos agonizantes…

 

 Mas nem todos dormem, nessa hora

de torpor líquido e inocente.

Muitos hão de estar vigiando,

e chorando, a noite toda,

porque a água dos olhos

nunca tem sono…

Il Sonno delle Acque


C’è un’ora precisa,

durante la notte, una

ora morta,

nella quale l’acqua dorme.

Tutte le acque dormono:

nel fiume, nel lago,

nella diga, nella palude,

negli occhi d’acqua,

nelle grotte profonde.

E chi resta sveglio,

sulla riva, la notte

intera,

deva ascoltare la cascata

che ferma la caduta e il pianto,

perchè l’acqua è andata a dormire…


Acque chiare, torbide,

sonnolenti

tutte si riposano.

Dormono le gocce, profonde,

le linfe delle piante,

fili bianchi, torrenti.

La rugiada sogna

sulle lamine inferiori delle foglie.

e si addormenta

addirittura l’acqua bollita,

nei bicchieri della testiera

degli agonizzanti…


Ma non tutti dormono,

a quest’ora

di torpore liquido e

innocente.

Molti staranno

vegliando,

e piangendo, la notte intera,

perchè l’acqua degli occhi

non ha mai sonno…

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 JOAO GUIMARAES ROSA

*traduzione non ufficiale

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