O Passado - Cora Coralina - Cultura Brasil

O Passado - Cora Coralina

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Il Passato

L'ingresso profuma di garofano.
Un gruppo di giovani
si riunisce là.
"Clube Literario Goiano".

Rosa Godinho.
Luzia de Oliveira.
Leodegária de Jesus,
il presidente.

Noi, persone inferiori,
sedute, persuase, formali.
Rispondendo all'appello.
Ascoltando attente la lettura della presentazione.
Chiedendo la parola.
Proponendo idee geniali.

Conclusa la sessione con serietà,
passavamo a discutere.
Il vecchio armonium, un flauto, un bandolim.
Canzoni vecchie. Recitazione.
Si declamavano monologhi.
Dialogavamo in rime e sorrisi.

D. Virgínia. Benjamim.
Rodolfo. Ludugero.

Veri anfitrioni
Sangria. Dolci. Liquore di rosa.
Distinzione. Cortesia.

Il passato...

Uomini senza fretta,
forse stanchi,
calano con funi
tavoloni pesanti,
lavorati dagli schiavi
in rudi simmetrie,
del tempo delle pialle.
Inclemenza.
Cadono pezzi sul viale.
Passanti attenti
li evitano con prudenza.
Cosa importa a loro della costruzione?

Gente che passa indifferente,
guarda da lontano,
nascosta nell'angolo,
le travi che cadono.
- Cosa vale per loro la costruzione?

Chi vede nelle vecchie ringhiere
di ferro forgiato
le ombre curvate?
Chi è che sta ascoltando
Le grida, l'addio, l'invito?
Cosa importa il segno dei ritratti sulla parete?
Cosa importano le stanze scoperchiate,
ed il pudore delle alcove scoperte...
Cosa importano?

E stanno scappando dalla costruzione,
a poco,
i quadri del passato.



O Passado

O salão da frente recende a cravo. 
Um grupo de gente moça 
se reúne ali. 
"Clube Literário Goiano". 
Rosa Godinho.
Luzia de Oliveira. 
Leodegária de Jesus, 
a presidência. 

Nós, gente menor, 
sentadas, convencidas, formais. 
Respondendo à chamada. 
Ouvindo atentas a leitura da ata. 
Pedindo a palavra. 
Levantando idéias geniais. 

Encerrada a sessão com seriedade, 
passávamos à tertúlia. 
O velho harmônio, uma flauta, um bandolim. 
Músicas antigas. Recitativos. 
Declamavam-se monólogos. 
Dialogávamos em rimas e risos. 

D. Virgínia. Benjamim. 
Rodolfo. Ludugero. 
Veros anfitriões. 
Sangrias. Doces. Licor de rosa. 
Distinção. Agrado. 

O Passado... 

Homens sem pressa, 
talvez cansados, 
descem com leva 
madeirões pesados, 
lavrados por escravos 
em rudes simetrias, 
do tempo das acutas. 
Inclemência. 
Caem pedaços na calçada. 
Passantes cautelosos 
desviam-se com prudência. 
Que importa a eles o sobrado? 

Gente que passa indiferente, 
olha de longe, 
na dobra das esquinas, 
as traves que despencam. 
-Que vale para eles o sobrado? 

Quem vê nas velhas sacadas 
de ferro forjado 
as sombras debruçadas? 
Quem é que está ouvindo 
o clamor, o adeus, o chamado?... 
Que importa a marca dos retratos na parede? 
Que importam as salas destelhadas, 
e o pudor das alcovas devassadas... 
Que importam? 

E vão fugindo do sobrado, 
aos poucos, 
os quadros do Passado.

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