Intelectuais – Luis Fernando Verissimo - Cultura Brasil

Intelectuais – Luis Fernando Verissimo

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Luis Fernando Verissimo

     

Luis Fernando Verissimo 

26 settembre 1936, Porto Alegre, Rio Grande do Sul 

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Intellettuali
Non ho mai capito molto bene cosa sia un intellettuale. E’ qualcuno che pensa? Tutti pensano, anche se è necessario fare uno sforzo. E’ qualcuno che ha idee nuove, che vive di ciò che pensa? La perfetta descrizione di un truffatore professionale, anche. Qualcuno che legge molto? Leggere molto, dipendendo dal tipo di libro, può sostituire il pensiero. Certi libri fanno la stessa cosa che il respiratore artificiale fa con il polmone, lo riempie di aria affinchè pensi che stia funzionando. Un erudito non è necessariamente un intellettuale. La cultura non è intelligenza, intelligenza non è cultura e agilità mentale può essere appena un dono, come muovere gli orecchi. Se ti classifichi come intellettuale e qualcuno ti dice “Provamelo”, cos’è che farai? Usare gli occhiali non è un argomento, esiste anche la miopia stupida e l’astigmatismo senza nessuna redenzione culturale. Hai delle tesi pubblicate? Le tesi sono come gli assegni, caro mio, com’è che so che hanno fondamento? Non serve nemmeno dirmi una cosa intelligente, potrebbe essere una decorazione. E spontaneità non è prova di potere intellettuale, può essere solo un riflesso elettrico. Hai una reputazione da intellettuale? Tra chi, altri intellettuali? Voglio vedere le loro caratteristiche. Possono essere false. Abbiamo bisogno di prove. DNA. Impronte digitali. Dicono che il pollice dell’intellettuale non lascia impronte, lasci ragionamenti. Sarà?

Gramsci scrisse che tutti siamo intellettuali ma pochi hanno la funzione di un intellettuale in una società. Così ciò che definisce l’intellettuale come categoria è la sua funzione sociale. Qual è la funzione sociale dell’intellettuale gramsciano? Lo stesso Gramsci (citato da Edward Said nel suo ultimo libro, “Le Rappresentazioni dell’Intellettuale”) non aiuta. Afferma che ci sono due tipi di intellettuale – iiihh – : lo statico e l’organico. Quello che mantiene la sua funzione tradizionale  di tramandatore di canoni da una generazione all’altra e quello che si lascia coinvolgere dalle lotte della sua generazione e vuol esserne conseguente. Ma l’intellettuale organico deva anche rispettare una tradizione: quella di, secondo Said, “Alzare pubblicamente questioni imbarazzanti, confrontare l’ortodossia e il dogma invece di produrlo, non essere facilmente cooptato nè fare accordi con il PFL”. Scusa, quest’ultima parte non è di Said, è solo sottointesa. Éfe Agá sarebbe un  intellettuale organico esemplare nella concezione di Gramsci se integrasse tutti i requisiti di Said. Siamo il nostro comportamento, ma non i nostri titoli.

Ma ciò che mi preoccupa è che per la prima volta nella nostra storia saremo governati da un sociologo. Capisci? Invece di essere controllato dalla gente, sarà lui a studiarci. Éfe Agá non starà facendo un governo, ma una ricerca. E’ possibile addirittura che riesca. Almeno ci sforzeremo tutti di non uscir male nella sua tesi. Io, il giorno dell’insediamento, andrò di fronte la televisione pulito e con la cravatta.


Intelectuais
Nunca entendi muito bem o que é um intelectual. É alguém que pensa? Todo mundo pensa, mesmo que precise fazer um esforço. É alguém que tem idéias novas, que vive do que pensa? A perfeita descrição de um vigarista profissional, também. Alguém que lê muito? Ler muito, dependendo do tipo de livro, pode substituir o pensamento. Certos livros fazem para a mente o que o respirador artificial faz para o pulmão, enchem de ar para ele pensar que está funcionando. Um erudito não é necessariamente um intelectual. Cultura não é inteligência, inteligência não é cultura e agilidade mental pode ser apenas um dom performático, como mexer as orelhas. Se você se declarar um intelectual e alguém disser "Prove", o que é que você vai fazer? Usar óculos não é argumento, também existe a miopia burra e o astigmatismo sem qualquer redenção cultural. Você tem teses publicadas? Teses são como cheques, meu caro, como é que eu sei que elas têm fundamento? Também não adianta você me dizer uma coisa inteligente, pode ser decorado. E espontaneidade não é prova de poder intelectual, pode ser só reflexo elétrico. Você tem uma reputação como intelectual ? Entre quem, outros intelectuais? Quero ver as credenciais deles. Podem ser falsas. Precisamos de provas. DNA. Impressões digitais. Dizem que dedão de intelectual não deixa impressão, deixa arrazoado. Será?

Gramsci escreveu que todo mundo é intelectual mas poucos têm a função de um intelectual numa sociedade. Assim o que define o Intelectual como categoria é a sua função social. Qual é a função social do intelectual gramisciano ? O próprio Gramsci (citado por Edward Said no seu último livro, Representações do intelectual) não ajuda. Diz que há dois tipos de intelectual - iiiihh - : o estático e o orgânico. O que mantém a sua função tradicional de transmissor dos cânones de uma geração a outra e o que se envolve nas lutas da sua geração, e quer ser conseqüente. Mas o intelectual orgânico também tem que respeitar uma tradição: a de, segundo Said, "levantar publicamente questões embaraçosas, confrontar a ortodoxia e o dogma em vez de produzi-los, não ser facilmenre cooptado nem fazer alianças com o PFL". Desculpe, essa última parte não é do Said, só está subentendida. Éfe Agá seria um exemplar intelectual orgânico na concepção de Gramisci se preenchesse todos os requisitos de Said. Nós somos o nosso comportamento, não os nossos títulos.

Mas o que me preocupa mesmo é que pela primeira vez na nossa história vamos ser governados por um sociólogo. Entende ? Em vez da gente fiscalizá-lo, ele é que vai estar nos estudando. Éfe Agá não estará fazendo um governo, estará fazendo uma pesquisa de campo. É capaz até de dar certo. Pelo menos vamos todos nos esforçar para não sair mal na tese dele. Eu, no dia da posse, vou pra frente da televisão de banho tomado e gravata.

 

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 LUIS FERNANDO VERISSIMO

*traduzione non ufficiale

1 – Partido Frente Liberal

Estratto da "Novas Comédias da Vida Pública: A Versão dos Afogados"

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