Manoel de Barros
19 dicembre 1916 Mato Grosso
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O Menino que Carregava Agua na Peneira Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que criar peixes no bolso. O menino era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio, do que do cheio. Falava que vazios são maiores e até infinitos. Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito, porque gostava de carregar água na peneira. Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor. A mãe reparava o menino com ternura. A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta! Você vai carregar água na peneira a vida toda. Você vai encher os vazios com as suas peraltagens, e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos! | Il Ragazzino che Portava Acqua nel Setaccio Ho un libro su acque e ragazzini. Mi è piaciuto di più il ragazzino che portava l’acqua nel setaccio. La madre disse che portare acqua nel setaccio era come rubare un vento e uscire correndo per mostrarlo ai fratelli. La madre disse che era come prendere spine nell’acqua. Come crescere pesci in tasca. Il ragazzino era legato alla spontaneità Volle costruire le fondamenta di una casa sulla rugiada La madre si accorse che il ragazzino Amava più il vuoto che il pieno Diceva che i vuoti sono più grandi e addirittura infiniti. Con il tempo quel ragazzino che era ossessivo e strano, perchè gli piaceva portare l’acqua nel setaccio. Con il tempo scoprì che scrivere sarebbe stato come portare acqua nel setaccio. Nello scrive il ragazzino vide che era capace di esser una novizia un monaco o un mendicante contemporaneamente. Il ragazzino imparò ad usare le parole. Vide che poteva giocare con le parole E iniziò a giocare. Fu capace di modificare il pomeriggio inserendo una pioggia. Il ragazzino faceva prodigi. Addirittura fece fiorire una pietra. La madre osservava il bambino con tenerezza. La madre disse: Figlio mio sarai poeta! Porterai l’acqua sul setaccio la vita intera. Riempirai i vuoti con i tuoi giochi, e alcune persone ti ameranno per la tua spontaneità! |
*traduzione non ufficiale
- Manoel de Barros, in “Exercícios de ser criança”. São Paulo: Salamandra, 1999