Saudade – Junqueira Freira - Cultura Brasil

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Junqueira Freire  

31 de dezembro de 1832, Salvador, Bahia  
24 de junho de 1855, Salvador, Bahia
 

 

Saudade

Em minhas horas de noturna insônia,
Com os olhos fitos no porvir longínquo
Eu penso em mim, - e na segunda idéia
Encontro-me contigo.

Eu te pranteio no arrebol da aurora,
Que em teu exílio meditando esperas.
Envolto num crepúsculo te enxergo
A deplorar teus fados.

Nas nuvens de sangüíneas listras
Lágrimas verto que sobre elas mando,
Partem, - porém do caminhar cansadas
Descaem no oceano.

Desesperado então, maldigo o espaço,
Maldigo o céu e a terra, o vácuo e o pleno.
Em cada criação deparo um erro.
Nem acho Deus tão sábio.

E na minha alma se desenha ao vivo
Melhor, mais belo, mais ditoso, um mundo.
Tiro do nada, sem ausência e males,
Um orbe todo novo.

O amor da pátria que os tiranos banem,
Não choraria maldições e sangue.
Nem tu nem eu seríamos cortados
Por divisões de abismos.

Mas quando ainda não acabo o sonho,
Diviso armadas que vão mar em fora.
Desperto, e caio nos aéreos braços
Da quimera sublime.

E mais amargo te lamento a sorte,
Tu, mártir feito pelas mãos dos bonzos,
Invoco o céu que entornará sobre eles
Alabastros de anátema.

Ligando a mim teu coração dorido,
Que a teus amigos em penhor deixaste,
Tateio nele as emoções tão vivas,
Que em teu desterro sofres.

Conheço as aflições que te salteiam,
Nobre proscrito. O sol, a lua, os astros.
Cruzam teu ponto, e trazem-me sinceros
Tuas ingênuas dores.

Sim! para os claustros não nasceu tua alma.
Teu coração não te palpita - Monge.
Nem tão baixo teus ímpetos serpenteiam,
Que um cárcere os contente.

Nesse vasto palor que te orna a fronte,
- Sinal dos homens de profundo gênio,
Eu leio a grande e destemida idéia,
Que não cabe nos claustros.

Deserta, ó gênio, do covil imundo,
Onde o leão dos vícios se alaparda.
Ah! esta cela, onde a indolência dorme.
Não pode, não, ser tua.

Coral guardado nas flumíneas urnas,
Quem há de te arrancar do equóreo fundo?
Não serias mais belo, em áureo engaste,
No colo de uma virgem?

Saudade
 
Nelle mie ore di notturna insonnia,
Con gli occhi fissi sul futuro longinquo
Io penso a me stesso – e in seconda idea
Con te m’incontro.
 
Io piango per te nel bagliore dell’aurora,
Che nel tuo esilio meditando aspetti.
Avvolto in un crepuscolo ti osservo
A soffrire per il tuo destino.
 
Nelle nuvole di sanguinee fasce
Verso lacrime che su di loro mando,
Partono, – ma stanche per il camminar si curvano nell’oceano.
 
Disperato dunque, maledico lo spazio,
Maledico il cielo e la terra, il vuoto e il pieno,
In ogni creazione m’accorgo d’un errore.
Nemmeno Dio ritengo così saggio.
  
E nella mia anima si disegna vivo
Migliore, più bello, più fortunato, un mondo
Prendo dal nulla, senza assenza e mali,
Un’urbe tutta nuova.
 
L’amore della patria che i tiranni annientano,
Non piangerebbe maledizioni e sangue.
Nemmeno tu né io saremmo tagliati
Da separazioni d’abissi.
 
Ma quando ancora non termino il sogno,
Divido armate che vanno in alto mare.
Sveglio, e cado nelle aeree braccia
Della sublime chimera.
 
E più amaro mi rattristo per la tua sorte,
Tu, reso martire dalle mani degli ipocriti,
Invoco il cielo che verserà su di loro
Alabastri di anatema.
 
Legando a me il tuo cuore triste,
Che ai tuoi amici lasciasti in pegno,
Palpo in lui emozioni così vive,
Che nel tuo esilio soffri.
 
Conosco le afflizioni che ti assaltano,
Nobile proscritto. Il sole, la luna, gli astri.
Incrociano il tuo punto e mi portano sinceri
I tuoi ingenui dolori.
 
Sì! per i claustri non nacque la tua anima.
Il tuo cuore non palpita – Monaco.
Né così in basso i tuoi impeti serpeggiano. Che un carcere li accontenta.
 
In questo vasto pallore che orna la tua fronte,
- Segno degli uomini di profondo carattere,
Leggo la grande coraggiosa idea,
Che non entra nei claustri.
 
Diserta, o genio, il covile immondo,
Dove il leone dai vizi si nasconde.
Ah! questa cella, dove l’indolenza dorme.
Non può, no, esser tua.
 
Corallo serbato nelle urna fluviali,
Chi deve strapparti dal mare profondo?
Non sarebbe più bello, in un’ incastonatura aurea,
tra le braccia di una vergine?

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 JUNQUEIRA FREIRE

*traduzione non ufficiale

Bahia, 5 de Agosto de 1854

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