Flor do Asfalto - Guilherme de Almeida - Cultura Brasil

Flor do Asfalto - Guilherme de Almeida

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Guilherme de Almeida

24 de julho de 1890, Campinas, São Paulo
11 de julho de 1969, São Paulo

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Flor do Asfalto
   
Flor do asfalto, encantada flor de
seda,
sugestão de um crepúsculo de
outono,
de uma folha que cai, tonta de
sono,
riscando a solidão de uma
alameda...
     
Trazes nos olhos a melancolia
das longas perspectivas paralelas,
das avenidas outonais, daquelas
ruas cheias de folhas amarelas
  
sob um silêncio de tapeçaria...
   
Em tua voz nervosa tumultua
essa voz de folhagens desbotadas,
quando choram ao longo das
calçadas,
simétricas, iguais e abandonadas,
as árvores tristíssimas da rua!
   
Flor da cidade, em teu perfume
existe
Qualquer coisa que lembra folhas
mortas,
sombras de pôr de sol, árvores tortas,
pela rua calada em que recortas
tua silhueta extravagante e triste...
  
Flor de volúpia, flor de mocidade,
teu vulto, penetrante como um gume,
passa e, passando, como que resume
no olhar, na voz, no gesto e no
perfume,
a vida singular desta cidade!


Fiore di Asfalto 
  
Fiore di asfalto, incantato fiore di
seta, 

suggerimento di un tramonto di
autunno, 

di una foglia che cade, tonta per il
sonno, 

scarabocchiando la solitudine di un
viale alberato...

 
Porti negli occhi la malinconia 
delle lunghe prospettive parallele, 
dei viali autunnali, di quelle 
strade piene di foglie rosse 
  
sotto un silenzio d'arazzo... 
  
Nella tua voce nervosa fa rumore 
questa voce di fogliame scolorito, 
quando piangono lungo i
marciapiedi, 

simmetrici, uguali e abbandonati, 
gli alberi tristissimi della strada! 
  
Fiore della città, nel tuo profumo
esiste 

Qualcosa che ricorda foglie morte, 
ombre di tramonti, alberi contorti, 
per la strada silenziosa nella quale si
ritaglia 

la tua forma stravagante e triste... 
  
Fiore di voluttà, fiore di giovinezza, 
il tuo volto, penetrante come una
lama, 

passa e, passando, come riassume 
nello sguardo, nella voce, nel gesto e
nel profumo 

la vita singolare di questa città!

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 GUILHERME DE ALMEIDA

*traduzione non ufficiale

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