Democrazia
Pugni
di rete ninnano il mio canto
Per addolcire il mio paese, o Whitman.
La genipa americana ha colorato il mio corpo contro il malocchio,
Il catechismo mi ha insegnato ad abbracciare gli ospiti,
Il carumã mi ha alimentato quando ero bambino,
La madre nera mi ha raccontato storie di bestie,
Il ragazzo di strada mi ha insegnato le birbanterie,
Massoca, tapioca, popcorn, ho mangiato tutto,
Ho bevuto cachaça con caju per purificarmi,
Ho avuto la malaria, la varicella e gli orecchioni,
Tungiasi, nostalgia, poesia;
Sono diventato lunatico, stregato, suonando maracas,
Dicendo cose, giocando con le creole,
Vedendo spiriti, superstizioni, mães-d'água,
Conversando con i pazzi, conversando da solo,
Impregnando tutto ci che incontravo,
Abbracciando i serpenti per i campi,
Mescolandomi, scomparendo, sfinendo,
Per salvare la mia anima benedetta
E il mio corpo dipinto d'annato,
Tatuato di croci, di cuori, di mani legate,
Di nomi d'amore in tutte le lingue di bianco
Di moro o di pagano.
Democracia
Punhos
de redes embalaram o meu canto
Para adoçar o meu país, ó Whitman.
Jenipapo coloriu o meu corpo contra os maus-olhados,
Catecismo me ensinou a abraçar os hóspedes,
Carumã me alimentou quando eu era criança,
Mãe-negra me contou histórias de bicho,
Moleque me ensinou safadezas,
Massoca, tapioca,pipoca, tudo comi,
Bebi cachaça com caju para limpar-me,
Tive maleita, catapora e ínguas,
Bicho-de-pé, saudade, poesia;
Fiquei aluado, mal-assombrado, tocando maracá,
Dizendo coisas, brincando com as crioulas,
Vendo espiritos, abusões, mães-d água,
Conversando com os malucos, conversando sozinho,
Emprenhando tudo o que encontrava,
Abraçando as cobras pelos matos,
Me misturando, me sumindo, me acabando,
Para salvar a minha alma benzida
E o meu corpo pintado de urucu,
Tatuado de cruzes, de corações, de mãos ligadas,
De nomes de amor em todas as línguas de branco
De mouro ou pagão.